Por Agnaldo Cardoso
É carnaval. Puxa! Como demorou para chegar! Hora de relaxar! Hora de acabar com o estresse! Hora ansiosamente aguardada para “sair do sério.” Pierrôs, colombinas, palhaços e outras fantasias inomináveis, que muitas vezes refletem os desejos mais íntimos, e nem sempre confessáveis dos foliões, surgem do nada, guiados pelo som irresistível dos tambores e clarins, para “cair na folia.”
Quanta loucura… Mas é carnaval e no carnaval, tudo é permitido…
Marginais, no meio da multidão que pulam de forma alucinada, aproveitam-se da confusão para cometer crimes. Muitos jovens e adultos, transtornados pela música hipnotizante e frenética, caem nas armadilhas das drogas alucinantes. É hora de pular, sambar e frevar, além de trocar propositais empurrões e cotoveladas. Esse é o lado da festa que podemos observar deste lado da vida.
Mas há outro lado…
Pelo lado espiritual, o carnaval observado do Além, é lamentavelmente muito mais triste e perigoso. Milhares de espíritos infelizes, também invadem as avenidas, num triste e feio espetáculo, que transforma o carnaval em um terrível circo dos horrores de grandes e atemorizantes proporções.
A música de Caetano que diz: “Atrás do trio elétrico, só não vai quem já morreu”, está totalmente equivocada, pois os queridos malfeitores das trevas, os “vagabundos do mundo oculto,” vão atrás sim e se vinculam aos foliões pelos fios invisíveis das preferências que estes trazem escondidas no seu íntimo.
Dezenas, centenas, milhares de entidades vampirescas, abraçam e se desdobram em influenciar os foliões, para juntos beberem, fumarem, drogarem-se e se entregarem ao sexo desvairado e cometerem os mais tristes desatinos.
O homem vive onde e com quem se sintoniza psiquicamente. E essa sintonia se dá pelos desejos e tendências existentes na intimidade de cada um. E é, graças a essa lei de afinidade, que os espíritos das trevas se vinculam aos foliões descuidados, induzindo-os a orgias deprimentes e atitudes grotescas, animalizadas, de lamentáveis consequências.
Quantos crimes acontecem nesses dias, quantos acidentes, quanta loucura…
Tramas terríveis são ardilosamente arquitetadas no além-túmulo, esperando por esses dias em que o desequilíbrio é a tônica.
Enquanto os foliões se envolvem com o brilho dos refletores, com plumas, paetês e lantejoulas, nas avenidas feericamente iluminadas, os bons espíritos vêem e lamentam pelo ambiente espiritual deprimente, triste, envolto em escuras nuvens criadas pelas vibrações mentais negativas. As consequências cruéis desse grotesco espetáculo se fazem sentir de forma rápida e inexorável.
É dramática, a triste estatística de horrores, durante e após o carnaval. Crimes acontecem depois do carnaval, mas em consequência dele, como nos abortos realizados, fruto de envolvimentos insensatos.
Pergunte a si mesmo: vale a pena pagar o alto preço exigido por alguns dias de loucura? Vale a pena ver seu nome na estatística de horrores que acontece no carnaval? Espero que não.
Alguns espíritas devem estar pensando: Eu brinco, mas não faço nada de errado! É possível. Mas se você atravessar um pântano de lama fétida, local de doenças e outras mazelas, pode até acontecer de você não adoecer, mas que vai sujar-se, não há a menor dúvida…
Ah, e não venha com o exemplo do lírio belo e perfumado que brota nos pântanos. Ele nasce lá, mas seu perfume e beleza só são percebidos, quando estão longe daquele lugar.
Para atravessar a tempestade de energia negativa que envolve o carnaval, sem ser tocado por ela, só se você for alguém espiritualmente iluminado. Mas se você for tão iluminado, com certeza não estará participando do carnaval.
Mas, quem achar que está havendo exagero, ponha a fantasia de bobo da vida, a máscara da insensatez e libere geral, mas não esqueça: na 4ª feira de cinzas, ao retornar para sua casa espírita, de convidar os inúmeros foliões desencarnados, que estão em sua companhia, querendo mais, mais e mais.