A confusão de valores, sentimentos e sensações parece marcar os tempos atuais. Ansiamos por mudanças, sabemos que transformações profundas são necessárias, porém nos perdemos em atitudes desequilibradas e sem qualquer sentido benéfico.
As manifestações populares que aconteceram em 2013 no país trouxeram à tona o Brasil de um povo guerreiro, mas pacífico, carente, porém sabedor de sua força. A linda cena de 17 de junho, quando o gigante “acordou” e mostrou ao mundo que sabia caminhar pela Paz, apontou aos corações brasileiros a sensação de que, enfim, lutaríamos pelos nossos direitos, de mãos dadas, todos juntos.
Mas o sonho da transformação do país durou pouco, pois no mesmo momento em que assistíamos emocionados à força das manifestações em todo território nacional, surgiram também os atos de violência e de falta de amor em forma de vandalismo. Bastaram essas atitudes para tirar o brilho da energia popular daquele momento.
Com o propósito claro de gerar desequilíbrio e quebrar a unidade, seres humanos voltados ao egoísmo e ao desrespeito tornaram rouca e sem brilho a voz do povo brasileiro. E por muitas outras vezes, esses mesmos seres egoístas (pois só pensavam em aparecer através da violência gratuita) atrapalharam o objetivo maior do povo: dar às mãos e caminhar sentindo o coração bater em uníssono, buscando a sociedade justa que todos queremos.
Qual o motivo de tamanha violência? Certamente a falta de amor ao próximo – e a si mesmo. Essa deve ser a tônica das pessoas que, menos esclarecidas, acreditam que a baderna e a agressão a patrimônios públicos (deles mesmos!!) e particulares mudariam alguma coisa. Ou então, o objetivo era apenas assustar e tirar das ruas famílias inteiras, orgulhosas de, finalmente, serem ouvidas pelo mundo!
Triste confusão de libertinagem com liberdade…
Nesse momento, assistimos a mais uma inversão de valores: a onda dos “rolêzinhos”.
Legitima união de jovens com o objetivo de divertimento e encontro social, os “rolês” são comuns especialmente na periferia paulistana. Porém o medo que reina em nossa sociedade está aumentando o preconceito em relação a esses jovens e os aproveitadores de plantão (lá estão eles novamente!) utilizam mais esse “canal” para assustar a todos, com violência e ameaças.
Precisamos ser honestos: se a juventude e a infância fossem mais bem orientadas – e se as divisões materiais da sociedade não fossem determinadoras de poder de força – certamente o respeito falaria mais alto entre os homens, que se veriam como irmãos e não como inimigos.
O que falta à nossa sociedade, afinal? Amor e Responsabilidade. Somente isso. Se não cuidarmos de amar nossos irmãos e não colaborarmos com o fortalecimento verdadeiro dos laços que nos unem através, por exemplo, da orientação salutar de nossas crianças e jovens, sempre teremos medo do outro, por enxergarmos nele nossas falhas pessoais.
O seguinte trecho de O Livro dos Espíritos Comentado ilustra bem o que significa responsabilidade social: …“Também os ricos de conhecimento e de recursos intelectuais deveriam saber como guiar aos que lhes buscam orientação. Entretanto, parece que não vêem que todos os meios de comunicação têm em suas mãos possibilidades de guiar a humanidade, esquecendo, muitas vezes, seus deveres de verdadeiros guias, lembrando-se apenas de sua posição.” (trecho do comentário da questão número 809)
E a Espiritualidade continua a nos instruir, dizendo claramente na questão 542 de O Livro dos Espíritos sobre a nossa parte na responsabilidade do que acontece na sociedade nesse momento: “Deus colocou a criança sob a tutela dos pais para que eles a conduzam no caminho do Bem, e lhes facilitou a tarefa ao conceder à criança uma constituição frágil e delicada, que a torna acessível a todas as impressões.”
Essa é uma orientação clara de como cuidarmos melhor da educação familiar de nossas crianças, para que elas se tornem jovens e adultos mais conscientes de seu papel no mundo, com o respeito e o amor a si e ao próximo.
O grande ponto é que o próprio ser humano, em muitos momentos, distancia-se do Divino, reluta em aceitar sua própria Essência Divina. Afinal, é mais cômodo não assumir o verdadeiro papel de filho de Deus, pois essa certeza não permite que a liberdade se distancie da responsabilidade. Somos todos Um. Somos todos responsáveis pelo bem estar dos seres vivos do Planeta, como os elos de uma corrente, como uma grande rede unida pelo Amor.
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Regina Hennies, jornalista e autora do livro A Ordem do Caos, publicado pela Mundo Maior Editora, para saber mais, clique aqui.