Por Ivanir Sanches
Ah o amor! Muito dele tem se falado, cantado em prosas e versos, escrito em rimas pobres e ricas, torpes e vãs! A eterna procura da alma gêmea, os encontros e desencontros, o assunto é interminável!
A maioria constrói expectativas sobre o príncipe encantado e estas acabam, na convivência do casamento, oficial ou não, se revelando apenas uma tênue ilusão e acarretando grandes desapontamentos. Ao tecer fantasias e idolatrar a figura do eleito acaba-se por fechar os olhos para a realidade, deixando de notar a verdadeira personalidade do companheiro.
Retrocedendo um pouco no tempo vamos encontrar a liberdade desencadeada pela revolução sexual dos anos sessenta, ocasionada pelo advento da pílula anticoncepcional. Foi um grande marco do início da emancipação feminina, mas também o momento em que valores importantes foram relegados.
Em consequência hoje, meio século depois, filhos e netos desta revolução dos costumes, vivenciam tanta liberdade que confunde os mais recatados, afasta os bem intencionados, destroem a oportunidade do encontro mágico, feito pela sedução do olhar, emoção de caminhar de mãos dadas, o primeiro beijo roubado na penumbra do portão.
O comportamento feminino adentra facilmente os limites da vulgaridade e afasta cada vez mais a possibilidade da realização sentimental. E assim nos deparamos com a descrença e a solidão.
As jovens hoje calçam um salto de quinze centímetros, vestem uma saia que mal cobre as nádegas ou um shorts minúsculo, gastam horas no cabeleireiro fazendo luzes, chapinha, unhas, pé, massagem, e assim esmeradamente produzidas, vão para as baladas regadas a álcool, fumo e utopia.
Embaladas pelos vapores etílicos passam de mão em mão e contabilizam bocas beijadas como preenchendo um álbum interminável de figurinhas coloridas. No raiar da madrugada, a maquiagem borrada nos olhos, os cabelos emaranhados e pernas cansadas, são o saldo solitário de quem muito experimentou e não encontrou o príncipe almejado, nem mesmo um “sapo” para consolo e companhia. Não raras vezes, semanas depois, acabam por colher a semeadura da noite escura, uma gravidez inesperada, um filho de pai desconhecido, as fotos nua pelas páginas da Internet.
Mas onde acontece o encontro de almas, aquela vibração miraculosa que une dois corações no desejo de ficar junto, formar uma família, criar filhos?
Ao observarmos casais conhecidos percebemos que a maioria não se conheceu numa balada e nem estava super elegante e produzida no primeiro encontro. Esta ilusão de poder e ousadia, criada pela mídia, ou o conselho de que você se tornará irresistível com este ou aquele perfume, esta ou aquela marca de sapatos, vestido ou lingerie, rebolando Funk ou mostrando o corpo, é pura fantasia. É apenas uma estratégia para vender produtos que não se precisa e que nada acrescenta na conquista, na construção de um relacionamento verdadeiro.
À primeira vista sim, a mulher produzida impressiona, atrai a cobiça, mas só! A mulher sedutora é aquela que não mostra o corpo para atrair! Ela seduz com a discrição, o sorriso, a boa cabeça, a linguagem sadia isenta de grosserias.
A grande estilista francesa Coco Chanel dizia que “uma mulher nunca deve sair de casa sem se arrumar um pouco, pois nunca se sabe, talvez seja o dia em que ela tem um encontro com o destino”.
Mas esse “se arrumar” um pouco não deve ser apenas a aparência, a ostentação, a vaidade levada ao extremo. A mulher deve cuidar da cabeça e da beleza do espírito, com a mesma intensidade com que cuida dos cabelos. Deve cultivar virtudes, bons pensamentos e valores morais em abundância. Desta forma atrairá pessoas que vibram na mesma sintonia, têm os mesmos desejos e as portas do coração abertas para sentimentos nobres.
O destino pode estar naquele colega de escritório, no amigo que está sempre disposto a te socorrer com o pneu do carro furado, no vizinho que resolve a pane do seu computador, que parece ter os mesmos os horários que o seu, mas que talvez fique de tocaia só para ouvir um “bom dia” ou “boa noite”.
Ao cuidar dos pensamentos, dedicar-se ao aprimoramento da beleza espiritual, com boas leituras, boas ações, hábitos sadios e virtuosos, estará lapidando as arestas e sua alma irradiará essa energia benigna como uma lâmpada que se acende na escuridão. E por afinidade atrairá em seu caminho aquele espírito que é o seu destino, que vibra na mesma sintonia e com quem terá condições de caminhar no mesmo passo e edificar a construção do verdadeiro amor.
Ivanir Pineda Sanches é autora da Mundo Maior Editora.
Publicou o livro: Almas Gêmeas On Line