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Como reagir ao mal sem se envolver com ele

Enviado em 21 de junho de 2013 | Publicado por feditora

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Por: Ricardo Luiz Capuano

 

André Luiz recomenda aos espíritas agir da seguinte maneira em relação a noticias violentas: “Em tempo algum empolgar-se por emoções desordenadas ante ocorrências que apaixonem a opinião pública, como, por exemplo, delitos, catástrofes, epidemias, fenômenos geológicos e outros quaisquer. Acalmar-se é acalmar os outros.” – André Luiz – “Conduta Espírita” – Waldo Vieira.

Quantas emoções perniciosas nos causam as noticias dos jornais e noticiários. Vemos todos os dias assassinatos e atrocidades com requintes de crueldade, são atos de desprezo à vida, e desrespeito às leis dos homens e de Deus.

Revolta, raiva, desejos de justiça e vingança invadem nosso ser. Nossa reação cresce proporcionalmente à agressividade do ato e a inocência e incapacidade da vitima de se defender. Quantos de nós se transformam ao ver abusos cometidos contra animais, crianças ou idosos, justamente aqueles seres que tem maior necessidade de proteção por serem os mais indefesos.

Nos identificamos com as pobres criaturas vitimadas e nos sentimos quase tão agredidos quanto aqueles que foram ultrajados. Queremos ver a justiça feita a qualquer custo e dificilmente nos lembramos da caridade e do perdão que pregamos nos momentos de calma.

Mas o que não percebemos é que quando nós deixamos dominar por essas emoções, encadeamos uma queda vibracional que gera uma sintonia psíquica que não só atinge o agressor, mas a nós mesmos.

“Os maus pensamentos corrompem os fluidos espirituais, como os miasmas deletérios corrompem o ar respirável” – Allan Kardec – A Gênese, cap. XIV, item 16.

A causa

Pensemos primeiramente, o que leva uma pessoa que prega todo dia a caridade e o perdão a se revoltar de tal forma, e desejar muitas vezes, a volta da lei de talião (lex de talis), muito conhecida pela máxima: “olho por olho, dente por dente”.

Rapidamente esquecemos os ensinamentos de Jesus Cristo, do espiritismo, e demais fontes de amor e caridade. Somos tomados por impulsos quase descontrolados que nos causam tristeza, depois indignação, revolta e muitas vezes desejos de justiça vingativa e cruel.

Essa modificação de emoções se origina de nossa parte mais instintiva, como uma reação de auto preservação pessoal e da espécie como um todo.  Identificamos aquele agressor como um potencial perigo a nossa existência e a própria manutenção do grupo.

Para entendermos por que isso ocorre temos que considerar o cérebro humano. A parte do cérebro humano responsável pela lógica e que normalmente controla as decisões e atitudes das pessoas, chama-se neocórtex. Trata-se daquela parte superficial, enrugada e cinzenta que forma a porção visível do cérebro, quando se olha para sua composição. O nome neocórtex se refere a parte do cérebro, que surgiu por último durante o processo de evolução. Se encontram muito desenvolvidas nos primatas e destaca-se seu desenvolvimento no Homo sapiens sapiens.

Mas é claro que o cérebro não surgiu com nossa espécie. Os outros animais possuem cérebros que se assemelham ao dos humanos, mas se apresentam cada vez mais “simples” conforme descemos na escala evolutiva. O curioso é que, embora nossa massa encefálica tenha se aperfeiçoado ao longo dos milênios, as estruturas básicas, que formavam os cérebros mais primitivos, se mantiveram. Ou seja, podemos dizer que nosso cérebro humano contém um cérebro de réptil em sua base principal com acumulo de camadas mais evoluídas ao redor.

 

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A estrutura mais primitiva é o tronco cerebral, responsável pelos instintos mais básicos. Depois disso, surgiu o sistema límbico, que é onde se processam as emoções. E foi dele que evoluiu o cérebro pensante, responsável pelo raciocínio – o neocórtex.

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No sistema límbico existe um componente cuja função cerebral é ser uma espécie de alarme que desencadeia reações de proteção em caso de alguma emergência.

Ao perceber algum perigo, desencadeia uma reação, que sempre será de fuga ou de agressão, porque essa é a maneira instintiva de manter a vida.

O curioso é que essa parte do cérebro recebe a informação do perigo antes do neocórtex. Por isso, a reação começa antes mesmo que a pessoa tome consciência do perigo.

 

Muitas vezes nem há risco de verdade, e são provocadas reações às vezes desproporcionais ao fato. O neocórtex, ou seja, o raciocínio foi superado e controlado pelo instinto de preservação por alguns instantes. Muitas vezes isso é bom, porque aumenta a velocidade da resposta diante de um perigo. É o que faz uma pessoa saltar ao perceber um carro aproximando-se em alta velocidade.

O problema é que essa situação se repete também quando há outro tipo de perigo, não físico, mas emocional. Durante uma divergência de opinião, por exemplo, você pode perceber, repentinamente, uma espécie de perigo causado pelo rumo da discussão. Ou quando estamos dirigindo um carro e sofremos algum tipo de inconveniente, como uma fechada ou ultrapassagem que nos assusta. Isso se dá de modo inconsciente e você não nota que está sendo tomado pelo sentimento de preservação de sua vida, ainda que seja a vida emocional. Sente apenas uma sensação de desconforto e medo, seguido da necessidade de agredir.

Percebemos então a causa desta reação que parece tão incoerente. Quando vemos ou ouvimos uma noticia que nos traz a sensação de perigo, algo que pode estimular nossa auto preservação, reagimos instintivamente. Essa informação atinge primeiro a parte do cérebro mais antiga responsável pela manutenção da vida, levando a uma reação de agressividade.

Pouco tempo depois ela atinge a região do raciocínio e muitas vezes conseguimos controlar esse “desejo de justiça a qualquer preço” e modificarmos nossas atitudes.

Vejam vocês o quanto são sabias as palavras de Jesus, quando nos diz “Orai e Vigiai”, devemos orar, ou manter boas vibrações e vigiar, para não ceder aos instintos mais primitivos.

 “Estudando-se todas as paixões e, mesmo, todos os vícios, vê-se que as raízes de umas e outros se acham no instinto de conservação, instinto que se encontra em toda a pujança nos animais e nos seres primitivos mais próximos da animalidade, nos quais ele exclusivamente domina, sem o contrapeso do senso moral, por não ter ainda o ser nascido para a vida intelectual. O instinto se enfraquece, à medida que a inteligência se desenvolve, porque esta domina a matéria.” – Allan Kardec – A Gênese capt.III – O bem e o mal.

 

As consequências

“A ação dos Espíritos sobre os fluidos espirituais tem consequências de importância direta e capital para os encarnados. Desde o instante em que tais fluidos são o veículo do pensamento; que o pensamento lhes pode modificar as propriedades, é evidente que eles devem estar impregnados das qualidades boas ou más, dos pensamentos que os colocam em vibração, modificados pela pureza ou impureza dos sentimentos” – Allan Kardec – A Gênese, cap. XIV, item 16. 

Compreendemos melhor o que provoca reações tão fortes e perigosas em nosso ser, quando vemos a chamada “mídia sangrenta” que em busca da audiência exacerba e busca as ações mais chocantes e impregnadas de violência possíveis, observemos o que ocorre em consequência dessa reação instintiva que tomamos.

Ao sentirmos ameaçados tomamos geralmente a atitude de revolta e revide, emitindo sentimentos carregados de energias pesadas e nebulosas. Para entendermos seus efeitos em nós mesmos e na pessoa geradora de tal sentimento, observemos com atenção o texto a seguir:

“A vibração consiste em movimento inerente aos corpos dotados de massa e elasticidade. O corpo humano possui características de inércia e elasticidade que lhe conferem valores de frequência natural distintos, relativos a cada uma de suas partes. Se uma frequência externa coincide com a frequência natural do sistema, ocorre a ressonância, que implica em amplificação do movimento. Assim, a energia vibratória associada a esse efeito é absorvida pelo corpo, como consequência da atenuação promovida pelos tecidos e órgãos. Este fator de risco é focalizado nas NR-9 e NR-15, do Ministério do Trabalho e Emprego, sendo estabelecido que a avaliação da exposição ocupacional de vibração deve ser realizada com base nas normas ISO-2631 e ISO-53831.” – Vibrações e o Corpo Humano: uma avaliação ocupacional. Soeiro, N.S.- Grupo de Vibrações e Acústica, GVA – UFPA- (Universidade Federal do Para).

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A preocupação com a “vibração” é tão grande que existe até uma regulamentação trabalhista para a sua exposição física. Imaginar que uma vibração que coincide com a frequência de um sistema provoca uma ressonância que amplifica aquele sistema, e por lógica uma vibração que é disparada ao sistema diminui a ação do mesmo, não difere em nada do entendimento da doutrina espírita. Muito pelo contrario a confirma e exemplifica.

Principais sintomas da vibração

Contrações musculares 4 – 9 Hz
Influência nos movimentos respiratórios 4 – 8 Hz
Aumento do tônus muscular 13 – 20 Hz
Desejo de urinar 10 – 18 Hz
Dor abdominal 4 – 10 Hz
Dor no peito 5 – 7 Hz
Garganta 12 – 19 Hz
Dores no maxilar 6 – 8 Hz
Influência na linguagem 13 – 20 Hz
Dores de cabeça 13 – 20 Hz
Sensação geral de desconforto 4 – 9 Hz
Fonte: MAPFRE, Fundación – Manual de Higiene Industrial. Editorial MAPFRE,S.A. 2ª Edição. Madrid. 1995. ISBN 84-7100-945-5.

 

Assim quando alteramos a frequência de nossas vibrações diminuindo o padrão entramos em sintonia ou ressonância com padrões afins. Ou seja, quando vibramos agressividade e violência emitindo ondas em todas as direções, mas principalmente concentradas na direção daquele que foi o gerador principal da reação, estamos entrando em ressonância com ele estimulando para que ele se torne mais agressivo e violento.

Fora essa ação direcionada, são emitidas vibrações de violência em todas as direções que por onde vão encontrando ressonância vão aumentando e estimulando um mundo mais perigoso e violento. O mesmo ocorre em nossa casa e em nossa família.

 

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“A questão da sintonia psíquica é de relevância incontestável. Fenômeno inconsciente que decorre dos hábitos mentais assumidos pelo indivíduo, deve ser examinado em profundidade, necessitando de acurado esforço, a fim de que abandone as baixas e densas faixas do abatimento e da viciação, ascendendo àquelas nas quais se haurem forças e estímulos para os cometimentos de sucesso.” – “Conveniente, por isso, o cultivo do otimismo e a realização de trabalhos que desloquem a mente indisciplinada ou mal educada, induzindo-a a novos exercícios e hábitos de que decorrerão resultados diversos. Afinas com o que sintonizas. Estás com quem ou com o que preferes. Cada ser nutre-se nos redutos mentais em que localiza as aspirações. Em consequência, os que aspiram fluidos deletérios da irritação constante, da sistemática indiferença ou da prevenção contumaz perturbam-se, arrojando-se ao desequilíbrio ou intoxicam-se interiormente, dando origem e curso a distonias nervosas que culminam com a loucura ou as aberrações de outra natureza. – Joanna de Ângelis – Livro: ‘Leis Morais da Vida’ – Divaldo P. Franco.

 

Vigilância e controle

“Vede que ninguém dê a outrem mal por mal, mas segui sempre o bem, tanto uns para com outros, como para com todos” – Paulo – Tessalonicenses, 5:15

Entendemos agora, quando os monges e religiosos de outras escolas se enclausuram e ficam meditando e orando em favor da humanidade. Se seus sentimentos são elevados e bons possivelmente estão realmente ajudando o mundo em que vivemos. Obviamente boas ações e relações caridosas e fraternas também são muito importantes, mas a vigilância de nossas emoções e pensamentos também cooperam para um mundo melhor.

Procuremos vigiarmo-nos. Evitando prolongar essa reação de indignação, revolta e agressividade instintiva.

Quando vemos noticias chocantes sobre fatos violentos não nos esqueçamos da caridade, do perdão, da lei de causa e efeito. Tentemos substituir pensamentos de violência e vingança, pelas lições de Jesus, de amor ao próximo.

Procuremos entender e ponderar os motivos e as razões, utilizemos a doutrina espírita para buscar uma compreensão. Utilizemos o conhecimento da reencarnação, as leis ensinadas por Kardec e todas as outras lições espiritas para conseguimos ser fraternos, não só às vitimas, mas principalmente aos algozes.

Vibrando amor por aqueles que estão repletos de ódio e violência provocaremos um enfraquecimento desses sentimentos negativos. Encontraremos ressonância do amor em outros corações e estaremos multiplicando esse sentimento no mundo. Tornando a humanidade melhor e mais segura. Gravemos em nossos corações a lição de nosso mestre Jesus:

“Digo, porém, a vós que me ouvis: Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos insultam” (Lucas 6:27-31)

Autor: Médico Veterinário: Ricardo Luiz Capuano

Apresentador do programa: “Nossos Irmãos Animais” (veiculado toda sexta-feira às 16h30, juntamente com as comunicadoras Ivany Barreto Lima, Silvia Nogueira e Miriam Lucia Nascimento) e do quadro “Consciência Animal” (Todas as segundas dentro do Jornal Nova Manhã e RBN – Noticias)

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