Mês passado, trocava impressões de solidariedade com um amigo e recebi uma verdadeira declaração de amor dele: “Viverei para quando estiver no dia do Juízo, testemunhar a seu favor”.
A entonação de voz produziu uma vibração tão positiva daquelas palavras, me fazendo experimentar uma sensação tranquila, harmoniosa, segura e extremamente agradável em todo meu ser.
Este fato me fez relembrar os ensinamentos espíritas sobre família consanguínea, que é a reunião de almas em processo de evolução, reajuste ou aperfeiçoamento, e família espiritual, uma constelação de inteligências, cujos membros estão na Terra e nos céus.
Considerando que nem sempre podermos escolher a família que nascemos, a um amigo nos unimos por afinidade, independente de posição social, religião e opiniões em geral.
Costumo dizer que um amigo a gente não procura, um amigo “acontece”, pois na maioria das vezes reconhecemos um grande e verdadeiro amigo nas oportunidades mais intrincadas, atravessando momentos difíceis. Amigo é a mão que estende para nos levantar quando caímos e a mão que cumprimenta e agradece nos momentos de sucesso.
Exatamente por isso uma amizade não é apenas um relacionamento. Amizade é um processo que envolve carinho, bem querer com reciprocidade, admitindo momentos que nem sempre ouvimos o que queremos, sentindo a segurança da sinceridade acolhedora das coisas que às vezes não enxergamos, mas que o amigo está lá para dar os “puxões de orelha” quando necessário e percebemos a intenção voltada para o sentimento de amor fraternal.
Através de uma amizade exercitamos a incondicionalidade do amor quando nos desvencilhamos da censura, orgulho, rancor e embora possa haver discussões, não há espaço para mágoas.
Um amigo é a união espiritual que atravessará existências, deliberado por total desprendimento de paixões inerentes à matéria, onde só de olhar, sabemos que nada precisamos esperar, pois o que chega é apenas o desejo de trilhar o mesmo caminho para encontrar a felicidade.
Diante do imenso valor que atribuímos à amizade, podemos considerar que mesmo entre parentes, a amizade deveria ser o maior objetivo, pois qual o valor de ser um filho que não é amigo do pai, um avó que não é amigo da neta, uma esposa que não é amiga do esposo e assim por diante? A valoração que prestamos em qualquer relacionamento está na razão da confiança, do afeto, respeito, responsabilidade e solidariedade, definidos pela amizade.
O nosso querido Chico Xavier, que conseguiu ser amigo de todos, certa vez disse uma coisa entre tantas lindas: “Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo”.
Sérgio Chimatti