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Corações Rebeldes

Enviado em 5 de julho de 2013 | Publicado por feditora

 

protestos

Não se sabe ao certo como se dá o inicio de uma revolução, mas é inegável que a insatisfação vai gerando desassossego no espírito no povo e inspirando a mente coletiva a tomar uma posição perante os fatos. Nem sempre é a insatisfação por um único motivo, mas sim uma sucessão de fatos que  desencadeiam o furor da turba enlouquecida que precisa gritar suas dores e há oitenta e um anos, São Paulo foi palco de uma revolução gerada pela insatisfação com o governo provisório de Getúlio Vargas. Depois do golpe de Estado que o levou ao poder, Getúlio Vargas nomeou interventores nos estados e concentrou o poder. Insatisfeitos, os fazendeiros paulistas encabeçaram uma oposição ao governo com a participação de profissionais liberais, comerciários e estudantes universitários. Bradavam por mais democracia e participação na vida política; uma nova constituição e a eleição para presidente. Vargas não atendeu os paulistas e com essa atitude ditatorial, em maio de 1932, revoltado, o povo paulista foi às ruas com uma série de manifestações populares.

Em resposta à revolta popular, a polícia ocasionou a morte de quatro estudantes, Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, e as iniciais de seus nomes, MMDC, se tornou o símbolo da revolução. Em 9 de julho os paulistas usando rádios e jornais, conseguiram mobilizar uma grande parte da população: teve início uma verdadeira guerra civil, a Revolução Constitucionalista.  Com o apoio do sul de Mato grosso e sul de Minas gerais, São Paulo enfrentou as forças armadas. Entretanto, em 28 de setembro, com o saldo de mais de cinco mil feridos e a morte de cerca de três mil brasileiros, 934 oficiais e 2.200 não oficiais, os paulistas reconheceram a derrota e se renderam. Porém, não obstante a derrota, a revolução que teve 87 dias de combate, conseguiu avanços democráticos e sociais ao país, assim como a Constituição , promulgada em julho de 1934.Os paulistas consideram a revolução de 1932 , o maior movimento cívico de sua história e o último grande conflito armado ocorrido no Brasil, até agora.

Entretanto nos últimos dias temos visto uma grande massa do povo nas ruas! O estopim da revolta foi o aumento das passagens de ônibus de três para três reais e vinte centavos.  Mas a exemplo dos revolucionários de 32, que usaram rádios e jornais, hoje as redes sociais na Internet servem de veículo para a insatisfação e organização dos revoltosos. Os aparelhos celulares multiplicam os cliques das ruas e mesmo com a anuência de alguns veículos manipulados pelo governo, a realidade está nas páginas virtuais para a consulta de todos. No primeiro jogo da Copa das Confederações, em Brasília, a presidente Dilma Roussef foi vaiada por quase setenta mil pessoas no estádio Mané Garrincha. O povo está cansado dos desmandos políticos, das promessas descumpridas quanto à Saúde, Educação, Segurança, Ética, Transportes, e insuflados pela revolta, estão saindo às ruas.

Da mesma forma que em 32, a polícia está atuando, a mando dos governantes, com o intuito de conter as manifestações e ferindo estudantes e jornalistas. Nossos governantes, olvidados das promessas, e usando o poder em benefício próprio, estão alimentando a chama  da revolta. Armando as mãos de homens fardados, para conter a manifestação, estão cegando repórteres e encarcerando jovens.  Responderão por cada atonocivo e por cada homem cuja morte tenha causado para satisfazer sua ambição.

Em 9 de julho de 1932, a revolução era contra o despotismo de Getúlio Vargas; hoje pelos de Dilma, Alckimin, Haddad…

Os Corações Rebeldes de 1932, 1964, 1992… estão hoje, em 2013, reencarnados em novos corpos,  armados com a adaga da sede de justiça. Cientes de que por trás de cada mão fardada que os reprimem, ferem e prendem, há um pai de família que também anseia por mais assistência, saúde, salários dignos e Educação a seus filhos, oferecem flores aos policiais num gesto simbólico de amor, pelo grito de dor reprimido em cada coração brasileiro.

 IVANIR PINEDA SANCHES – Autora

(1) P.745 – Livro dos Espíritos – Allan Kardec

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